Tipologia
"Não há uma teoria dos cineastas, mas muitas, com diversos objetivos e tipologias. Ela pode ser, conter ou resultar das ideias de cinema de cada autor. Pode ser ou descrever a sua maneira de fazer cinema. Pode enunciar as questões alojadas nos seus filmes, em todas as suas dimensões. Fazemos teorias para os cineastas, com os cineastas ou a partir dos cineastas.
Em primeiro lugar, temos a teoria evidente, em que o cineasta efetua a sua reflexão de uma maneira inteiramente consciente e deliberada. Ele quer compreender o seu métier e ocupa-se dele no seu pensamento, produzindo livros, ensaios, dissertações, apontamentos sobre o mesmo.
Depois temos a teoria latente. Esta teoria não se assume enquanto tal e nem sequer é escrita. É uma teoria filmada e auto-reflexiva: encontramo-la nos filmes que abordam o próprio cinema.
Uma terceira modalidade é a da teoria imanente. Esta concepção da teoria dos cineastas remete para a questão do estilo. Nasce da imanência de uma assinatura.
Identificamos como teoria transcendente aquela que é da ordem do impalpável, do intocável. Aquela que não se pode sintetizar nem definir nem enunciar conceitualmente.
Propomos ainda a teoria manifesta. Neste caso, são os manifestos de intenções ou de princípios que prevalecem. Muito frequentemente saímos do âmbito da arte para entrarmos no campo da ética, do âmbito da estética para o campo da política.
Por fim: a teoria subjetiva. Imediatamente percebemos aqui uma contradição nos termos: a teoria deve ser geral e abstrata, não da ordem do concreto e do pessoal.
A relação dos cineastas com o discurso sobre o cinema comporta igualmente múltiplas variáveis marcadas por especificidades de certas cinematografias."
Luís Nogueira, pags. 9 a 12
Luís Nogueira, pags. 9 a 12
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